Ciclovia Coreana e a devoção a Nossa Senhora das Bicicletas


O clássico cyberpunk Snow Crash se inicia com uma alucinante corrida contra o tempo envolvendo um entregador da máfia e uma courier. Para além da ficção, o comércio online intensificou a demanda por transportes e a gigaeconomia criou diversas oportunidades. Além de carros e motos, bikes disputam lugares nas vias urbanas, seja no competitivo setor de entregas, seja a título de desporto.

Na Coreia do Sul, foi implementado um inovador design de faixa para bicicletas coberto por painéis solares, que se estende por aproximadamente 32 quilômetros entre Daejeon e Sejong. Este sistema protege os ciclistas do sol e do tráfego enquanto gera energia. Uma ideia inovadora, que bem poderia ser aplicada no Brasil, sobretudo no caminho que leva a Aparecida, donde recentemente muitos peregrinos tem mesclado a devoção a aventura, realizando o percurso de bicicleta. [1]


Aliás, falando da relação entre a prática do ciclismo e a piedade católica, conhece o leitor a devoção a Nossa Senhora de Ghisallo?
Madonna di Ghisallo
é uma colina na região da Lombardia, no norte da Itália. Recebeu esse nome após uma aparição da santa ao Conde Ghisallo que, na Idade Média, ao ser atacado por bandidos, se refugiu em uma capela e viu sua imagem.

Como a região fazia parte do Giro di Lombardia, importante prova ciclística italiana, o padre local, Ermelindo Viganò, propôs que a santa fosse declarada padroeira dos ciclistas.

A sugestão foi acatada pelo Papa Pio XII e a Nossa Senhora de Ghisallo foi consagrada oficialmente em 1949.

O santuário acabou se tornando centro de romaria de ciclistas do mundo todo e acabou se transformando em um pequeno museu.

As paredes da capela são adornadas por camisas de ciclistas famosos, flâmulas de equipes, além de fotos e bicicletas, dentre as quais se destaca a do ciclista italiano Fabio Casartelli, campeão olímpico de 1992, em Barcelona, e que morreu durante uma etapa do Tour da França em 1995.

Na capela, onde fica a imagem da Madonna di Ghisallo, há também uma chama eterna, em homenagem a todos os ciclista que já morreram.

Com o tempo, a coleção da capela ficou tão grande que, ao seu lado, foi criado o Museu do Ciclismo para guardar parte do acervo.

A construção do museu, em um prédio de arquitetura moderna, foi finalizada em 31 de maio de 2006 e foi abençoada pelo Papa Bento XVI.

Fazem parte do acervo do museu bicicletas da época da Primeira Guerra Mundial até modernas bikes de carbono. No museu, também é possível ver uma edição de 1903 do jornal l’Auto, anunciando o primeiro Tour de France.[2]
Pedalar é uma atividade inspiradora, além de exercitar o corpo, estamos em contato com a criação, sentindo a brisa do vento, o calor do sol, podemos explorar os meandros da paisagem urbana e suburbana, é uma aventura. Tanto melhor se esta vir a se tornar uma aventura sagrada e puder d'algum modo ser enriquecida pela piedade católica. Creio que experiências como a de Ghisallo  deveriam encontra análogos em todo o mundo.

About Edmundo_Noir

Sommelier de anime, profeta do IApocalipse, missionário do chá e webteólogo. Pedalando entre ruínas.

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