Yu☆Gi☆Oh! Zero: O anime esquecido da Toei


 Yu☆Gi☆Oh!
★★★★★☆☆☆☆☆
(Nota: 05/10)

Muito pode ser dito e escrito acerca de Yu-Gi-Oh!, é uma franquia que inspira um sem número de reflexões. Fora uma jogada comercial simplesmente genial da Konami que convenceu o Takahashi a mudar os rumos de um mangá edgy de terror sobrenatural para uma história de amizade afim de vender cartinha. E como vendeu, a Konami acumulou uma boa fortuna vendendo papel colorido e organizando torneios pelo Japão. O passado edgy de Yu-Gi-Oh! pode ser visto nos primeiros volumes do mangá, bem como em uma antigo anime da Toei de 1998 que ficou conhecido na internet como Yu-Gi-Oh Zero!

O anime de 98 adapta os 59 capítulos do mangá  - e inventa algumas coisas também - e as cartinhas demoram um pouco para ganhar destaque, em geral vemos o Yugizinho envolvido em uma série de problemas do qual escapa manifestando o espírito do faraó que envolve o inimigo em algum tipo de jogo das sombras (Yami no Game), uma vez derrotado, o sujeito é submetido a terríveis torturas. Além de manifestar o passado sombrio do faraó (e não só dele: Seto Kaiba e seu irmão Mokuba são verdadeiros psicopatas), acho interessante como o antigo anime quebra o culto do oprimido, por diversas vezes nos deparamos com um vilão com um passado dramático, vítima de inúmeras injustiças, que , contudo, ao obter poder se torna um monstro pior do que aqueles que o machucaram.  

Existe ainda um outro tema que gostaria de comentar. No episódio 08 somos apresentados ao Barão Ridely Sheldon, um dos quatro mestres de jogo - personagens estes que não existem no mangá -  contratados por Kaiba para derrotar Yugi - , Sheldon é um fissurado por marionetes e bonecas, além de quê tem uma relação um tanto estranha com uma delas, Fiona, a qual trata como fosse viva.  Um plot semelhante aparecerá posteriormente em outros animes como Rozen Maiden, além de ser o abordado em uma das músicas de Hatsune Miku,  também foi o tema que escolhi para um experimento com chat GPT. Pretendo retornar ao assunto em textos posteriores pois vejo alguma relação entre esse negócio de bonecas e o fenômeno do waifuismo.

[...] mas de toda maneira eu prefiro bonecas, pois elas são mais puras que humano.[1]

Ainda que toda essa trama do primeiro anime seja ignorada em Duel Monsters, creio que é oportuno revisitar essa antiga produção da Toei que nos ajuda a entender um pouco mais sobre Yu-Gi-Oh!, como a história nasceu de um mangá edgy de horror e foi por uma acertada jogada comercial transformado em uma história de amizades e cartinhas, mas seu autor não tinha lá muita experiência em escrever para crianças, de forma que frequentemente retorna uma estética e uma temática mais sinistra, que tanto perturbou nosso amigo Gilberto Barros.


 [1]  BARRAL, Etienne. Otaku: os filhos do virtual, p.48

About Edmundo_Noir

Sommelier de anime, profeta do IApocalipse, missionário do chá e webteólogo. Pedalando entre ruínas.

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