Houve tempo, lá para meados de 2015 - em que tinha entrado de cabeça nesse negócio de olavismo, vida intelectual e alta cultura etc - onde mantinha um registro detalhado do número de leituras, afim de alcançar famosa meta de 60 livros por ano. Posteriormente, embora continue a cultivar o hábito de leitura, abandonei essa contabilidade bem como a meta fixa, lia conforme dava na telha. Neste fim de ano resolvi dar uma movimentada nesse velho blog comentando algumas leituras, mas como não fiz nenhum registro detalhado ao longo do ano, terei de confiar apenas na memória... A lista de livros segue uma ordem mais ou menos aleatória, não obedece a cronologia exata das leituras desse ano.
1. Os Melhores Contos - H.P. Lovecraft: Como se pode ver na imagem ao lado, trata-se de uma box com quatro livros, contendo os principais contos do escritor H.P. Lovecraft. Na época estava investigando o aceleracionismo de Nick Land e percebi que precisava ler Lovecraft para entender melhor determinados conceitos e referências. O terror ante o incompreensível é uma ideia fixa trabalhada em vários contos; o ciclo do mundo dos sonhos - sobretudo o conto A Chave de Prata - traz categorias imaginárias extremamente úteis a a reflexão filosófica; por fim a leitura do Chamado de Cthulhu é fundamental para se compreender o aceleracionismo. Mas tamanha imersão em um só autor foi um tanto quanto cansativa, principalmente para quem não curte muito essa besteira de extraterrestres...
2. O Grande Livro da Mitologia Egípcia - Claudio Blanc: Apenas um manual de wikipédia sobre o antigo Egito, traz algumas boas informações, mas nada demais.
3. Contos e Lendas do Antigo Egito - Brigitte Évano: Uma coletânea de lendas egípcias escritas rescritas para normies. Sinceramente, penso que a autora não soube extrair toda a força da narrativa que tinha nas mãos.
4. O Livro Egípcio dos Mortos: trata-se de um texto religioso, a maior parte extraída do papiro de Ani. Deveria ser como a Divina Comédia de Dante, descrevendo a jornada da alma no mundo dos mortos, mas é só um compilado de feitiços para enganar os ''deuses''. Só vale como curiosidade arqueológica.
5. Catecismo Anti-Modernista: A encíclica Pascendi de São Pio X reescrita em forma de perguntas e respostas.
6. O Gato Preto e outras histórias - Edgar Allan Poe: Ler Poe pouco tempo depois de uma imersão em Lovecraft é uma experiência interessante, muitas das histórias de Lovecraft são respostas diretas aos pontos levantados por Poe, como por exemplo a série Re-Animator.
7. O Livro dos Cinco Anéis - Myamoto Musashi: Um livro de estratégia militar oriental, procuro revisitar sempre esse tipo de literatura, tentado adaptar alguns conceitos ao combate espiritual e a guerra cultural contemporânea.
8. O Caminho do Samurai - Inazo Nitobe: Um livro sobre samurais escrito por um japonês para ocidentais, o autor tem uma escrita maravilhosa e romantiza bastante o bushido, possivelmente essa obra é a grande responsável por construir o arquétipo do Samurai no ocidente, vale a leitura!
9. Diário Filosófico - Olavo de Carvalho: Um trabalho editorial extremamente preguiçoso, basicamente compilaram os posts do Facebook do velho em ordem cronológica num catatau de 800 páginas, copia e cola... Deveriam no mínimo ter agrupado por temas. De todo modo, foi uma leitura divertida, principalmente para quem teve sua ''fase olavista'', você rele algumas antigas postagens, volta para o contexto da época - no qual de alguma forma participou - entende melhor certos diagnósticos, computa os acertos e erros. É uma boa forma de se reencontrar com o passado e com um antigo mestre.
10. Guerra pela Eternidade: o retorno do Tradicionalismo e a ascensão da direita populista - Benjamin Teitelbaum: ainda falando do Olavo, falemos agora de perenealismo. Como disse anteriormente, tive minha fase olavista, que contudo acabou. O grande responsável foi o professor Orlando Fedeli, cujos escritos abriram os olhos dos católicos para os erros do mesmo e o envolvimento com a escola perenealista. O mesmo trabalho de montar o quebra cabeças que fiz na época, tenta fazê-lo o judeu progressista Benjamim Teitelbaum. Salvo alguns detalhes sobre Steve Bannon, esse livro não me trouxe nada de novo, nenhuma informação que eu já não sabia, aliás o autor é bem incompetente. Eu, um anônimo circulando pelas bolhas de internet, obtive mais informações e uma maior compreensão do fenômeno que ele, um pesquisador da oficialidade pago pelo sistema para fazer esse tipo de pesquisa.
11. Engenheiros do Caos - Giuliano da Empoli: Outro livro da esquerda progressista tentando entender o fênomeno da nova direita internacional. E tal como no livro anterior, entende bulhufas, quem viveu a cena cultural desde dentro tem uma compreensão muito mais profunda e certeira que esses idiotas.
12. Tecnofeudalismo - Yanis Varoufakis: A melhor leitura do ano (e também uma das primeiras), o ex-ministro grego das finanças apresenta a tese de que as mudanças tecnológicas gestaram um novo sistema econômico, diferente do capitalismo, que ele chama de tecnofeudalismo. Ele explica as origens e fundamentos desse novo sistema e usa uma linguagem acessível ao público normie, sem muito academicismo. Penso que o mesmo consegue provar sua tese, e essa oferece ferramentas úteis para prever certos desenvolvimentos e conflitos futuros...
13. O Espírito da Liturgia - Romano Guardini: A opinião mainstream nas bolhas é de que Guardini foi um neoteólogo progressista e um dos principais inspiradores da reforma litúrgica de Paulo VI. Como a reforma litúrgica foi desastrosa, esse cara não deve ter ideias muito certas - você logo pensa. Contudo, não é assim. O livro de Guardini é muito interessante, oferece reflexões preciosas para uma teologia litúrgica e mesmo elementos de crítica que podem ser aplicados a reforma. Pretendo visitar outras obras do autor.
14. Santa Filomena: A grande milagrosa - E.D.M: Um livro devocional narrando um pouco da história e milagres realizados por Santa Filomena. Uma leitura espiritual edificante. Após a conclusão da mesma tornei-me devoto de Santa Filomena.
De memória é isso, 14 livros... Bem longe dos 60 ano de outros tempos. Mas alguns livros são bem volumosos, além de que ainda estou na metade do Cosmogonia da Desordem do Sidney Silveira que é outro tijolão de 800 páginas. Sinta-se a vontade, caso queira, para deixar sua lista também nos comentários.



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