Atualmente, tenho assistido ao anime Vampire Princess Miyu, não é uma obra particularmente genial e inovadora, contudo tem sido bem agradável. O anime possui uma estética noturna gothic punk/urban fantasy onde seguindo a fórmula monstro da semana a heroína enfrenta uma criatura inspirada no folclore japonês, com o detalhe de quê o roteiro não é tão misericordioso com as vítimas, que acabam não tendo um destino muito feliz. Contudo, nessa texto quero falar de um episódio em particular, o episódio 05.
Um velho professor mostrou aos alunos um antigo filme que gravou com sua amada na juventude. Ele amava aquela mulher, contudo, confessa às alunas que terminado o ensino médio nunca mais a viu. Já velho, casado e com filhos maiores, ele guarda o filme com zelo e devoção. Sua esposa é uma megera, está irritada pelo sujeito não ter tido sucesso na vida e, em determinado momento, joga seus livros e o filme fora, o pobre senhor vai procurar seus pertences no lixo no meio da noite.
Pobre infeliz, pensa o espectador, nunca mais viu sua amada e casou com uma verdadeira encrenca. As alunas querem ajudar o professor a concluir seu romance, então começam uma busca pela mulher do filme. Talvez ela ainda estivesse na cidade, talvez não seja tarde demais para os dois se amarem. No fim, a conclusão do mistério: encontram a casa da mulher e essa é...a casa do professor! A mulher do filme era sua esposa! As dificuldades da vida transformaram aquela doce moça naquela megera, de forma que o professor não mais reconhecia a mulher que um dia amou e se apegava as velhas memórias.
Como é um anime de fantasia, ainda tem toda uma trama de demônios possuindo o filme, batalhas noturnas e etc. Mas o demônio não é tão assustador quanto a trama humana, a ideia de se casar com uma pessoa e durante a relação ela se tornar outra coisa, absolutamente irreconhecível, de forma que aquilo que você amou termina relegado a meras memórias. Essa experiência brutal não é apenas coisa de anime, muitos casais experimentam isso, levam essa cruz por toda vida, quiçá, caro leitor, podermos nós ser poupados desse tipo de situação.
No fim o professor termina preso dentro do filme, perpetuamente preso naquelas memórias, que contudo, são para ele preferíveis à frustação do real.


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